1. |
Yebá Bëlo
03:59
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Mãe de si é Yebá
Fez-se do invisível infante
Ao pensar mundo criou
Terra adubou com seu leite
Dentro da noite eterna
Gerou luz, trovoada
Concebeu o seu filho
Que criou o astro Sol.
Tunuí
Içana apaporis
Os trovões se enciumaram
Dos poderes do rebento
Os trovões contestaram o invisível
Emeko, com sabedoria, tudo apaziguou
E trovão então desvelou o rito ipadu
A humanidade, então, teceu heróis Dessana
Somos filhos desse povo ancestral
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2. |
Ibira-Çari Curumim
04:15
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Pele poema manhã
Negro olho da cunhatã
Derrama o céu, serpente, cristal
Seio e sol, curumim
Desvenda o véu com bruma e punhal
Arrebol sem ter fim
Queda das mãos, riso Tupi
Semeia os grãos Guaranis
Resvala o amor
Fruto Xingu
Entrega ao calor do Deus Tupã
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3. |
Matriz
03:56
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Parto de luz, parto da alma
Do seu ventre nasce o seu cantar
A força da voz, há muito não cala
Sua natureza geradora faz despertar
Mulher, que mistério é esse?
Divina matriz
Aconchego no peito, do peito um grito
Olhar além, os sonhos por um triz
Dos afetos, grãos; dos devaneios, mitos
Que seu sopro soe até os gentis desvairados
Mãe da delicadeza e poesia
Dos alquimistas aos mal-amados
Que o mundo entoe sua melodia
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4. |
Menina Coragem
03:56
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Vem cá pra ver, me dê a mão, não vá cair
Se lance ao vento, ao céu e ao mar, deixa fluir
Vê límpida água serpenteando entre as pedras do cais
Repare o rio bom se entrega aos temporais
Se vá, seus pés precisam caminhar
Crescer, ganhar a imensidão
Coragem! São muitos a te guiar
Pretos, caboclos do mar...
Vai lá pra ver, me largue a mão pra, então, seguir
Te fiz mulher pra não temer, pra ser feliz
Vê trépida sombra balanceando entre as folhas no ar
Repare a escuridão tem muito a te ensinar
Se vá, seus passos vou acompanhar
Em paz, te entrego à sua luz
Seja amor em cada amanhecer
Deixa pro tempo curar a dor!
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5. |
Morena Faceira
03:21
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Bate o pé, roda a saia, morena faceira
Girando, girando, samba a noite inteira
Entorta esse corpo, requebra as cadeiras
Segura Sá moça, já arrumou chiadeira
É que seu Zé não aguenta tanta formosura
Pegou pela cintura
Segura! Ah, ah, seu Zé!
Ah, seu Zé não sabia que a morena faceira
Amava o nego Oswaldo da feira
Um nego matuto e muito sabichão
Pegou a morena faceira na mão
Além de flores, moqueca, beiju, vatapá e amou à beira mar
Segura! Ah, ah, na fé. Deu flor, fulô!
E a morena girava, girava
Sob o olhar do seu Zé iluminava
Bate o pé, roda a saia, gira girando
Morena faceira brincou de amar!
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6. |
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É na roda da saia essa gira, pra mãe Oxum e Iemanjá
Água doce que escorre e vai pro mar, Dandalunda e Kayá
Neste encontro que é de fé, quem viu?
Foi saudar as Yabás do Ori
E no mistério dessas águas mães sentiu a força da vida
Tem festa no rio, tem festa no mar
Sob a lua cheia, calor no olhar
Dei um beijo nela que correspondeu
Mar que era ela, rio que era eu.
É na roda da saia essa gira, pra mãe Oxum e Iemanjá
Água doce que escorre e vai pro mar, Dandalunda e Kayá
Neste encontro que é de fé, quem viu?
Foi saudar as Yabás do Ori
E no mistério dessas águas mães sentiu a força da vida
Desse amor que é água pura,
Oraiê iê e Odoyá
Leva o tempo que é meu guia
Meu destino a desaguar
É na roda da saia essa gira, pra mãe Oxum e Iemanjá
Água doce que escorre e vai pro mar, Dandalunda e Kayá
Neste encontro que é de fé, quem viu?
Foi saudar as Yabás do Ori
E no mistério dessas águas mães sentiu a força da vida
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7. |
Menino Anjo
04:29
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Voa, voa menino anjo
Voa, voa menino anjo
É mais um ser de luz a nos olhar
Mais uma estrela no céu que vai brilhar
É presença de amor que eterniza
E sai voando leve, leve como a brisa
E em pouco tempo cumpriu sua missão
Trouxe inocência, pureza, superação
Nesta vinda chegou um lutador
Que em momento algum se entregou
Voa, voa menino anjo
Voa, voa menino anjo
Agora nada vai te limitar
Pode correr, sorrir, gritar
Menino anjo sempre um anjo será
Querubim, curumim, erê, menino anjo
Amarelinha vai pular de nuvem em nuvem já no céu
Vai ter pedra, tesoura, papel
O cabo de guerra vence quem abraça mais forte
Rouba bandeira quem leva mais amor do sul ao norte
Tiro ao alvo vence o melhor cupido
Mesmo na guerra não existe o inimigo
Com seu pó mágico, ele espalha compaixão
E aqui embaixo floresce transformação
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8. |
Jogo da Vida
03:47
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Quando eu morrer, não quero choro, não
Quero um acorde suave de um violão
Uma nona em mi menor com a sétima, poesia
Quero ouvir Iaiá cantar uma doce melodia
São Bento Grande de Angola, toca, que é pra me alegrar
Toca de pés no chão pra me sentir vibrar
Mostra, semente que brota na Capoeira
Já nasce pronta pra batalha de levar e dar rasteira
No jogo da vida foi nego fujão
Fugiu pra não matar
Pra não dar seu golpe em vão
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9. |
Xeque-Mate
02:46
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De um lado um castelo, um império, a casa de Deus
Do outro a cruz, mistério, de quem vive um pesadelo
A salvação de quem entra não se dá à sua volta
Onde quem sofre é, em sua maioria, os filhos de “putas”
Devotas dos santos e santas.
A Santa cruz queimou Jesus por ser desgarrado do padrão
E foi posto ali por quem ele chamava de irmão
Foi arrastado pelo chão, sofreu e chorou
Mas pra ele prestava lição a quem seguia seu pensar e ação
Às vezes penso em todos que sangraram em vão
Pra depois ter seus dizeres trocados por palavras violentas,
De interesse nada compatível e alienador
Só o próprio interesse é interessante, medo nos semblantes
Se a dívida é cobrada, a vida não foi o bastante
Se é castigo que oferece
O sofrimento é o preço do xeque
Mate!
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10. |
Ferida
03:31
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Me diz quem tem as mais belas lembranças
De quando era criança e cheio de esperança
Me diz alguém sem coisa alguma
Que serve o jantar à luz da lua
O que tem no fundo do nada, canção?
O que aquece quando o frio é temporada, o coração?
Não sei mais o que pensar
Nem sei mais pra onde ou pra que lado olhar
Quando olho pra dentro, coração martelo
Que bate no peito como fosse prego
Que fura, que fere, que firma
Algo que sai do lugar, sangue que (es)corre da ferida
Abriga a dor, transporta(dor)
O que só a necessidade ensina
Por bem, por mal
Valor, moral
Ferida mortal, nem é ferida
É natural, é só a vida.
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11. |
Breve Sentido do Ser
04:16
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Nasce em nós uma alegria de rio
Tal uma criança que expande na terra o infinito
E faz renascer a infância suspensa no amor
De um arco íris inexplorado
Onde em seu fim
Vibram as cores que emanam dos olhos
Dos poros, da língua, da pele em arrepio
Transcende em luz a paz que encontra em nós
E reverbera ao mundo o ser maior
Soando como acordes naturais
De encontro ao tom menor do coração
Leve, releve, se eleve no breve sentido do ser
No infinito querer, na dor e no prazer
Que expande na terra o infinito
Nasce em nós uma alegria de rio
E faz renascer a infância suspensa no amor
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12. |
Cidade sem Fim
05:01
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Aiê, aiê, ooi, oi peão
Aiê, aiê, lalaiá construção
Não há coração indiferente aos tremores
Quando o amor é mais alto que os arranha-céus
E os ombros de todos sustentam o mesmo edifício
Cada um tem em si a liberdade dos outros
Se os laços fraternos do equilíbrio
Manterem-se firmes à beira do abismo
Os ventos do cataclismo não são
Mais fortes que as alianças ancestrais
O sangue dos povos distintos, uniram-se
Nas veias do planalto, gentes iguais
A marcha conduz ao futuro
Constrói os novos pilares da cidade sem fim
Onde o povo antevê a alvorada da justiça
Um gramado vivo, um ipê florido
Sob o céu estrelado, um largo sorriso
É a nova terra dos sonhos imortais
Aiê, aiê, ooi, oi peão
Aiê, aiê, lalaiá construção
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